Os lagos artificiais tem um papel primordial na disponibilidade hídrica no semi-árido Brasileiro. Entretanto, além dos efeitos negativos que os barramentos dos rios causam sobre a qualidade da água, a descarga de esgotos, a irrigação e a piscicultura intensivas vêm acentuando a deterioração da qualidade da água em um ritmo sem precedentes nesta região. A mudança climática é outro fator de impacto negativo na qualidade da água. O aumento da intensidade das precipitações pode redefinir a dinâmica das comunidades de plâncton e espécies mais adaptadas a ambientes extremamente variáveis. Os reservatórios estudados, Acarape do Meio (AM) e Sítios Novos (SN), foram selecionados com base na recorrência de resultados positivos para saxitoxinas. A dinâmicas do fitoplâncton encontrada, difere de outras áreas da mesma região, no sentido em que as cianobactérias filamentosas são dominantes. Baixas diversidade, concentração média e riqueza de Chlorophyceae e Bacillariophyceae foram encontrados em ambos os reservatórios, embora tenha sido observado um aumento durante o intenso período chuvoso de 2011, sugerindo uma ligeira melhoria da qualidade da água. Em geral, a diversidade no reservatório SN (1,08) foi maior que no AM (0,60). Uma correlação inversa entre a concentração de Cylindrospermopsis sp e outras cianobactérias foi encontrada nos reservatórios SN (R2 = -0,862) e AM (R2 = -0,997). Estações de chuvas intensas podem reduzir as concentrações de cianobactérias devido, provavelmente às elevadas taxas de diluição e renovação da água.

 

Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) são poluentes orgânicos considerados persistentes e que podem causar sérios danos em alguns organismos, incluindo propriedades mutagênicas e carcinogênicas. O objetivo desse estudo foi avaliar as concentrações de HPAs em uma bacia urbanizada e utilizar relações diagnósticas para tentar distinguir fontes de contaminação. A análise de água superficial mostrou um predomínio de compostos de 3 a 4 anéis aromáticos, enquanto que para material particulado suspenso e sedimentos houve uma predominância de compostos com 4, 5 e 6 anéis aromáticos. Apesar de baixas concentrações no sedimento, avaliação de equivalentes de toxicidade mostraram valores superiores a 3 ng g-1 de sedimento para 50% das amostras, com valores de até 125.35 ng g-1. O uso de relações diagnósticas permitiu atribuir, nestes ambientes aquáticos, que os HPAs foram provenientes, principalmente, de origem pirogênicas. Mesmo assim, o uso de tais relações deve ser feito com o devido cuidado, tentando avaliar possíveis interferências de fatores de degradação.

 

As mudanças climáticas devem causar diversos impactos nos recursos hídricos. As estratégias de adaptação às alterações previstas no clima dependem de estudos de impactos. Nesse contexto, esse trabalho tem como objetivo estimar os impactos que as alterações na precipitação, projetada pelos Modelos de Circulação Global (MCGs) do quinto relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC-AR5), podem causar nas vazões regularizadas (Q90) de dois grandes reservatórios (Castanhão e Banabuiú) localizados bacia do Rio Jaguaribe, Ceará. Os dados de precipitação são provenientes de 20 MCGs em dois cenários de emissão de gases de efeito estufa (RCP4.5 e RCP8.5). As projeções de precipitação alimentaram um modelo chuva-vazão (SMAP) e posteriormente, após a geração das séries de vazões afluentes aos reservatórios, foram simuladas as vazões regularizadas pelos reservatórios no modelo AcquaNet para os períodos de 2040-2069 e 2070-2099. Os resultados foram comparados entre si e indicaram grandes divergências tanto quanto ao sinal (acréscimo ou redução) como quanto à magnitude da mudança na vazão regularizada. Entretanto, a maioria das projeções indica redução da Q90 nos reservatórios para os dois períodos, principalmente para o final do século.

 

O Lago Guaíba localiza-se em uma área de complexa variação de tempo meteorológico, e sofre influência de vários sistemas atmosféricos ocasionando choques frontais e por vezes precipitações intensas. No Estado, durante o El Niño, as temperaturas do ar são mais elevadas e o índice pluviométrico é maior, de modo contrário à La Niña. Além disso recebe águas da Região Hidrográfica do Guaíba, o que corresponde a 1/3 do Estado do Rio Grande do Sul, constituindo-se em importante corpo d'água para a região metropolitana de Porto Alegre. Métodos que buscam a compreensão do comportamento da TSL (temperatura de superfície de lago) do Guaíba podem trazer informações relevantes para identificação de períodos de maior e menor aquecimento da água, assim como as relações entre TSL e deterioração da qualidade da água e riscos a saúde humana. Esse trabalho tem como objetivo compreender o comportamento da TSL do Guaíba em períodos de anomalias climáticas (El Niño/La Niña). Para tanto foram processadas 418 imagens de TSM (temperatura de superfície de mar), sensor MODIS, a partir do Software SeaDas 7.2, obtidas as médias trimestrais de TSL, e comparadas com anomalias climatológicas no Oceano Pacífico Equatorial. O comportamento da TSL é mais complexo em períodos de El Niño/La Niña. Os resultados mostram que nos períodos de anormalidade climática, não há uma relação direta do aquecimento/resfriamento da TSL do Guaíba com o aquecimento/resfriamento da TSM do Oceano Pacífico Equatorial. Os índices de precipitações mostraram-se mais significativos em períodos de El Niño no comportamento da TSL, mas para todos os períodos, de normalidade e anormalidade climática, a temperatura do ar é o que mais influência a TSL. Essa relação ocorre com fatores climáticos de tempo de permanência da água, entrada de água e precipitação e da temperatura do ar. Há uma correspondência maior de períodos de La Niña com o resfriamento das TSL do Guaíba, apenas para alguns anos. Quanto ao El Niño, não há uma correspondência deste fenômeno com o aquecimento da TSL do Guaíba, o que se observa são oscilações de temperaturas superficiais de forma mais intensa, do que em períodos normais e La Niña, mas com tendência a um aquecimento das TSL.

 

Embora a governança da água no setor industrial tenha evoluído nos últimos anos, a gestão dos riscos hídricos ainda é considerada um desafio no país. Desta forma, o presente artigo teve como objetivo o desenvolvimento de uma Ferramenta de Gestão para Avaliação de Risco Hídrico (FARH) no segmento minero-metalúrgico. A formatação estrutural da FARH foi realizada com base em blocos de entradas, processamento e saída de dados com vistas à elaboração de uma matriz de risco (dashboard) balizado pela caracterização da situação da bacia hidrográfica em relação ao grau de estresse hídrico (Eixo Y), caracterização do status de gestão hídrica do empreendimento (Eixo X) e pela definição do nível de dependência em relação ao recurso hídrico. A ferramenta foi aplicada em escala piloto em 09 (nove) empreendimentos do segmento mínero-metalúrgico localizados nos estados de Minas Gerais, Goiás e São Paulo (Zn, Ni, Al). Com a validação dos critérios da FARH, as plataformas de dados foram inseridas em -macro excel- para informatização da sua aplicação. A matriz de risco permitiu a visualização consolidada dos dados e forneceu base técnica para a priorização de ações, alocação de recursos dentro de uma organização e elaboração de um guia para o desenvolvimento do plano de gestão hídrica destes empreendimentos.