Referem-se, brevemente, as condições que têm vindo a originar uma modificação da relação do homem com a água e que conduziram, no alvor do Século XXI, a um novo paradigma da água. Perspectivam-se as principais iniciativas internacionais relacionadas com a água, nas três últimas décadas, desde a Conferência da Água das Nações Unidas realizada em Mar del Plata em 1977, até à Visão Mundial da Água em 2000 e à Cimeira Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável de Joanesburgo em 2002. Analisam-se os conceitos de Desenvolvimento Sustentável e de Gestão Integrada dos Recursos Hídricos e salienta-se a crescente importância que a bacia hidrográfica assume como unidade básica de gestão e planeamento dos recursos hídricos. Salienta-se o papel da Directiva Quadro da Água da União Europeia como instrumento estratégico estruturante da política da água não só para os 25 Estados da União Europeia e do alargamento, mas também para outros Estados a quem vem propiciar um quadro de referência para a reforma das suas políticas nacionais da água. Refere-se o carácter inovador da Directiva Quadro da Água, as etapas principais da sua
implementação e a estratégia adaptada para essa implementação. Porfim, referem-se os reflexos do novo paradigma da água em Portugal, analisando-se três questões principais: os impactos das alterações climáticas nos recursos hídricos; a gestão dos recursos hídricos das bacias luso-espanholas; e a reforma do sistema institucional de gestão da água em Portugal.  

Nas regiões áridas e semi-áridas, a água se tornou um fator limitante para o desenvolvimento urbano, industrial e agrícola. Mesmo áreas com recursos hídricos abundantes, mas insuficientes para atender à demandas elevadas, experimentam conflitos de uso e sofrem restrições de consumo que afetam o desenvolvimento econômico e a qualidade de vida. Nessas condições, reuso e conservação passaram a ser as palavras chave em termos de gestão, em regiões com baixa disponibilidade ou insuficiência de recursos hídricos. O reuso de água encontra, no Brasil, uma gama significativa de aplicações potenciais. O uso de efluentes tratados na agricultura, nas áreas
urbanas, particularmente, para fins não potáveis, no atendimento da demanda industrial e na recarga artificial de aqüíferos, se constitui em instrumento poderoso para restaurar o equilíbrio entre oferta e demanda de água em diversas regiões brasileiras. Cabe entretanto, institucionalizar, regulamentar e promover o reuso de água no Brasil,fazendo com que a prática se desenvolva de acordo com princípios técnicos adequados, seja economicamente viável, socialmente aceita, e segura, em termos de preservação ambiental e de proteção dos grupos de riscos envolvidos.  

Thispaper reviews some of the stochastic methods used in applied hydrology over thepast thirtyyears, theperiod during which thepower and availability of computers grew rapidly, and methods of time-series modelling and simulation came into use which hadpreviously been computationally prohibitive. Where stochastic methods are used to estimate thefrequencies with which extreme hydrological events (floods, droughts) will
occur in thefuture, these methods assume that hydrological processes are stationary, so that rainfall and runoff recordsfrom past years can be used to estimate how often extreme events will occur in thefuture. But where there are changes in land use or climate, hydrologicalprocesses also change, and the past may not be a good guide to thefuture. In South America, there have been extensive changes in land use during the last thirtyyears, and there is increasing evidence that climate is also changing. Standard hydrological procedures, such as estimating annual events with T-year return period, and regionalization of annualfloods, then become inappropriate. Thepaper argues that under conditions of climate and land-use change, good assessment of thefuture frequency of extremes must await better knowledge of thephysical processes that determine the
behaviour of atmosphere and the oceans. 

A partir da visão geral do desenvolvimento sustentável, com particular ênfase ao Semi-Árido Brasileiro, conceitua-se sustentabilidade hídrica e se identificam os dois grandes desafios da g estão dos recursos hídricos na região: complexidade e riscos. São abordados temas como usos múltiplos, sustentabilidade social, visão holística, parcerias, segurança, vulnerabilidade. Algumas tendências são apontadas, compreendendo, entre outras, gestão econômico-ambiental de bacias, outorga unificada, capacitação, modelagem hidro-meteorológica, operação integrada, modelos regionais de participação social. Ao final , recomendações são feitas, incluindo o desenvolvimento de um sistema regional de gestão e o estabelecimento de um Fórum do Semi-Árido. 

É sabido que os fenômenos El Niño e o anti- El Niño denominado La Niña influenciam o regime de chuva da bacia hidrográfica do rio São Francisco, em conseqüência, por ser a chuva a principal variável de entrada de uma bacia hidrográfica, a produção de água, superficial e subterrânea é também influenciada. Atualmente se discute, em nível nacional, a proposta secular de transposição das águas do rio São Francisco para as localidades mais setentrionais do Nordeste do Brasil, um projeto hidráulico e polêmico. Como se sabe o principal entrave, para o bom andamento desse projeto de transposição, é político, mas devidamente ancorado em argumentos técnicos questionáveis. Um desses defende que, em anos de ocorrência do fenômeno El Niño, a produção de água na bacia hidrográfica do rio São Francisco seria diminuída. A partir da informação qualitativa de que em anos de ocorrência de El Niño há maior produção de água nessa bacia, o objetivo deste trabalho é o de verificar e quantificar os possíveis impactos do fenômeno El Niño nos totais mensais precipitados, no âmbito dessa bacia hidrográfica. Com base nos valores dos índices de anomalias das temperaturas da Superfície da água do Mar (TSM) e nos Totais Mensais Precipitados (TMP) sobre a bacia do Rio São Francisco efetuou-se correlações lineares múltipla s entre os valores dessas variáveis. Verificou-se que, ao contrário do que se dizia, o impacto do fenômeno El Niño na produção de água, no âmbito da bacia hidrográfica do rio São Francisco, é positivo. Ou seja, em anos de El Niño a bacia produz mais água do que em anos de La Niña. Portanto, a afirmação de que a retirada das águas do
rio São Francisco, para abastecer os Estados setentrionais do Nordeste do Brasil, causa prejuízos às atividades de geração de energia elétrica, irrigação e abastecimento público, em anos de ocorrência do El Niño é, no mínimo, questionável.  

Neste trabalho, apresenta-se a metodologia usada para o planejamento do uso da água na bacia hidrográfica do rio Gramame no Estado da Paraíba. Uma avaliação preliminar foi efetuada considerando a bacia e diversas sub-bacias como espaço geográfico de análise. A partir desta e de uma avaliação das inter-relações entre o desenvolvimento sócio-econômico da bacia e seus recursos hídricos, diversas perguntas foram formuladas e respondidas construindo-se cenários e realizando simulações através da aplicação do modelo MODSIM. A bacia hidrográfica do rio Gramame é bastante representativa das bacias litorâneas peri-urbanas do Nordeste do Brasil. A metodologia adotada neste trabalho contribui como um exemplo para o planejamento do uso dos recursos hídricos das demais bacias litorâneas peri-urbanas do Nordeste, de mesmo porte.  

O fenômeno da maré fluvial é estudado através das equações de Saint-Venant. Um método de perturbação é utilizado para se obter uma solução analítica para o caso de uma oscilação periódica (maré) de pequena amplitude que penetra num rio de geometria simplificada cujo escoamento básico se dá em regime permanente uniforme sub-crítico. A solução é correta até ordem (e) (com, e = a/ho onde a = amplitude da maré na foz e ho = altura d?água no rio) porém inclui um efeito permanente em ordem (e ). A solução é estabelecida em função de três parâmetros adimensionais: e, Fr (número de Froude) e M (análogo ao número de Reynolds e que mede a magnitude relativa das forças de inércia e de atrito no escoamento induzido pela maré). Exemplos de aplicação da solução e uma investigação de alguns aspectos do fenômeno são apresentados num artigo subseqüente. 

Duas aplicações da solução obtida na Parte 1 são apresentadas: uma para um caso de maré fluvial dominado pelo atrito (M < 1) e outro para um caso dominado pela inércia (M > 1). A seguir, os seguintes tópicos são investigados: i) Influência do período da maré na rapidez do amortecimento; ii) Comparação dos envelopes dos níveis d?água máximo e mínimo com curvas de remanso; iii) Existência de valores máximo e mínimo para a distância de penetração da maré fluvial; iv) Comportamento da velocidade de propagação; v) Influência do período na sobre-
elevação do nível médio e na corrente do rio; vi) Influência da vazão do rio no amortecimento da maréfluvial; vii) Efeito do aumento da vazão no amortecimento da maré fluvial num rio em regime básico não-uniforme. Vários resultados inéditos são apresentados sobre esses tópicos.  

Os reservatórios geralmente são componentes essenciais dos sistemas de aproveitamentos hídricos, cujo planejamento operacional constitui
alvo de investigações. Tendo em vista o grau de dificuldade inerente ao problema de determinação de estratégias operacionais, crescente à medida que os referidos sistemas têm suas dimensões ampliadas, diversas aproximações vêm sendo propostas para sua resolução. Atualmente, o crescente emprego das técnicas inspiradas em mecanismos robustos da natureza vem trazendo à tona os Algoritmos Genéticos (AGs) como ferramentas alternativas na resolução de tais problemas. Entretanto, diversas são as possibilidades de tratamento do mesmo problema via AGs, tendo em vista a variedade de possíveis implementações que lhes é característica, além da possibilidade de hibridização com técnicas de programação matemática convencionais, reduzindo o tempo computacional na busca de soluções. O presente trabalho revisa a literatura pertinente na resolução do problema de operação de reservatórios via AGs e discute as potencialidades do método, através da aplicação para um sistema hidrotérmico hipotético composto de quatro usinas hidrelétricas. 

O objetivo deste artigo é ressaltar a adaptabilidade e domínios de validade de código de cálculo com base nas equações da ?classe Boussinesq? (Sistema Serre) no estudo de ondas de submersão.
O modelo de Serre proposto trata os termos de derivadas de ordem superior, anteriormente desprezados por Boussinesq admitindo a hipótese de que a componente horizontal da velocidade é uniforme na vertical e a componente vertical da velocidade é linear entre o fundo e a superfície livre. Desse modo, na fase de geração, o modelo de Serre poderá suportar fortes amplitudes relativas de ondas (vizinhanças do ?breaking?). A partir da confrontação numérico-experimental dos resultados foi possível analisar os domínios de validade do modelo e observar que, mesmo usando um método implícito (incondicionalmente estável) há algumas restrições que devem ser observadas para a utilização do modelo.