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RBRH
Revista Brasileira de Recursos Hídricos
Brazilian Journal of Water Resources

ISSN 2318-0331

VOLUME. 8 - Nº. 4 - OUT/DEZ - 2003
ARTIGO
Caracterização Geoquímica e Gênese dos Principais Íons das Águas Subterrâneas de Porto Alegre, RS.
Resumo:
As águas subterrâneas do Município de Porto Alegre foram estudadas sob o ponto de vista hidrogeoquímico com o objetivo de reconhecer
as características físico-químicas naturais e contaminações e apontar processos genéticos para os principais íons. O trabalho estabelece relações entre a composição química das águas e arcabouço geológico da área, na qual é registrado um sistema aqüífero de natureza fissural, constituído por rochas granítico-gnáissicas, e um de natureza granular, caracterizado por depósitos argilo-arenosos a arenosos de origem flúvio-lacustre, lagunar e aluvionar. O primeiro é denominado Sistema Aqüífero Fraturado Pré-cambriano e o último, Sistema Aqüífero Poroso Cenozóico. Para tanto, foram selecionados 90 poços, com base em critérios geológicos, urbanização e distribuição espacial, para coleta de águas subterrâneas. O resultado hidroquímico mais significativo aponta elevados teores de fluoreto nas águas do Sistema Aqüífero Fraturado, que alcançam valores da ordem de 6 mg/L. A contaminação por aportes antropogênicos nas águas é pontual e está relacionada, em geral, às condições higiênico-sanitárias locais deficientes e problemas construtivos dos poços, o que provoca a ocorrência de nitrato em altos teores, bem como de coliformes fecais. As águas do
Sistema Aqüífero Fraturado são classificadas como bicarbonatadas cálcico-sódicas a sódicas, passando a tipos intermediários de composição cloretada-bicarbonatada-cálcico-sódica em conseqüência da mistura com as águas do Sistema Poroso Cenozóico, o que promove o incremento no conteúdo de cloreto, sulfato, sódio, cálcio, magnésio e sólidos totais dissolvidos. O modelamento geoquímico aponta, na maioria das amostras, águas subsaturadas em fluorita e carbonatos e supersaturadas em apatita, quartzo, feldspatos, argilo-minerais, gibsita, zeolitas e goetita. Foram observadas correlações positivas entre flúor-cálcio-bicarbonato-pH, as quais decorrem, provavelmente, da dissolução de fluorita e calcita, presentes em fraturas. O bicarbonato apresenta um crescimento muito acentuado em relação ao cálcio, o que denota a atuação de processos de dissolução de CO 2
nas águas subterrâneas. O quimismo das águas subterrâneas do Sistema Aqüífero Fraturado é independente da composição química e mineralógica dos granitos e gnaisses que o compõem. Esta feição reflete uma interação água-rocha muito restrita neste ambiente, o que determina uma fraca contribuição da rocha no conteúdo da maioria dos elementos dissolvidos na água. É importante destacar que as informações geradas neste trabalho representam elementos importantes para a definição de políticas de planejamento e
gerenciamento das águas subterrâneas do Município de Porto Alegre. 
Palavras-chave: Água subterrânea, Aqüífero fraturado, Hidro, Geoquímica. 

 

 

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