Resumo:
A crescente demanda do mercado internacional por camarão, a especulação imobiliária no litoral, o adensamento das fazendas nos estuários, comprometendo a preservação dos manguezais, e a adaptação da espécie Litopenaeus vannamei a águas com baixa salinidade (cerca de 0,5 ?) têm instigado o desenvolvimento da carcinicultura no interior do Brasil e, em especial, no Ceará. Este trabalho tem como objetivo analisar o perfil dos produtores de camarão em operação em águas interiores da bacia do Baixo Jaguaribe, Estado do Ceará. Para tanto, foram aplicados questionários junto aos produtores e levantadas as coordenadas geográficas de cada fazenda ao longo do trecho do Rio Jaguaribe, compreendido entre a barragem do açude Castanhão e a barragem de Itaiçaba. No levantamento de campo, realizado entre fevereiro e julho de 2003, foram identificadas 36 fazendas de camarão, compreendendo uma área de 420,34 ha, nos municípios de Quixeré, Russas, Jaguaruana e Itaiçaba. Considerando as 32 fazendas analisadas, verificou-se que elas são responsáveis pela geração de 201 empregos diretos na região, numa média de 0,6 empregos/ha. A produtividade média estimada dessas fazendas é de 3.547 kg/ha. Para que a criação de camarão em águas interiores seja sustentável a longo prazo, é necessário fomentar pesquisas relacionadas à avaliação da capacidade de suporte dos Rios para diluição da carga poluidora e atendimento à elevada necessidade hídrica da atividade, ao desenvolvimento de sistemas de recirculação e reúso de água, além de estudos sobre técnicas de aclimatação e alimentação dos camarões em ambientes de baixa salinidade e controle de pragas.